Sunday 3 June 2007

Etapa 3: Praia - Fernando de Noronha

Etapa 3: Praia (GVNP) - Fernando de Noronha (SBFN)

A terceira etapa desta viagem apresenta o maior desafio desta travessia. A ligação entre a cidade da Praia em Cabo Verde e o arquipélago de Fernando de Noronha a cerca de 345 km do Cabo de S. Roque, na costa do estado Brasileiro do Rio Grande do Norte.

Fernando de Noronha é um arquipélago vulcânico isolado no Atlântico Equatorial Sul, sendo sua ilha principal a parte visível de uma cadeia de montanhas submersas (DORSAL MEDIANA DO ATLÂNTICO), situada nas coordenadas geográficas 03 51' sul e 32 25' oeste e distando aproximadamente 345 km do cabo de São Roque no estado do Rio Grande do Norte e 545 km de Recife, em Pernambuco. Constituído por 21 ilhas, ilhotas e rochedos de natureza vulcânica, tem a ilha principal uma área de 18,4 km2 cujo maior eixo com cerca de 10 km, largura máxima de 3,5 km e perímetro de 60 km. A base dessa enorme formação vulcânica está a mais de 4.000 metros de profundidade. A ilha principal, cujo nome é o mesmo do arquipélago, constitui 91% da área total, destacando-se ainda as ilhas Rata, Sela Gineta, Cabeluda, São José e as ilhotas do Leão e da Viúva. Estudos realizados demonstram que a formação do arquipélago data de dois a doze milhões de anos.

in http://www.noronha.com.br/

Na travessia efectuada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922, esta etapa que efectuou igualmente amaragem junto dos Penedos de S. Pedro e S. Paulo, em pleno oceano Atlântico, muitas foram as dificuldades que os aviadores Portugueses tiveram de superar, como nos dá conta este excerto da Revista da Armada.

De S. Vicente transfere-se para a Praia, na ilha de S. Tiago, mais ao sul. Aí as condições de mar não lhe permitem descolar com o máximo de combustível, pelo que opta por pedir a ida do "República" para junto do Penedos de S. Pedro, onde pensa amarar e ser reabastecido, em vez de tentar o percurso Praia – Fernando Noronha, para o qual já sabe que não dispõe de combustível suficiente. Entretanto, o Governo resolve baptizar o avião de F 400, de "Lusitânia".

O troço da viagem Praia – Penedos é aquele em que o sistema de navegação tem de ser o mais rigoroso, porque os penedos tem uma pequena superfície e pequena altitude e o avião irá chegar no limite do seu combustível.

É a etapa mais longa da viagem, 908 milhas, que levam 11 horas e 21 minutos de voo a percorrer. Mas graças à maravilhosa navegação, efectuada por Gago Coutinho, os Penedos são encontrados. Sacadura tenta a amaragem e um dos flutuadores parte-se, afocinhando o avião no mar. O seus tripulantes são rapidamente salvos pelo pessoal do "República".

Estes acontecimentos são amplamente difundidos pela imprensa portuguesa e a opinião pública pressiona o Governo, para que se apoie a continuação da viagem. Reflexo da projecção que a viagem estava a ter em Portugal é a lei n.º 1257, de 27-04-1922, aprovada pelo Parlamento em que são promovidos por distinção ao posto seguinte o CMG Gago Coutinho e o Capitão-Tenente Sacadura Cabral. Os visados enviam um telegrama ao Ministro afirmando tratar-se de uma honra imerecida. De imediato Sacadura pede ao Ministro da Marinha que lhe envie um segundo avião, que segue a bordo do navio brasileiro "Bagé" para Fernando Noronha. Depois de uma rápida experiência, Sacadura descola no F 16, a 11 de Maio de 1922, para ir sobrevoar os Penedos e regressar a Fernando Noronha. Já no regresso a esta ilha o avião entra em "panne" e têm de amarar, fora de qualquer rota de navegação. Ao fim de algumas horas e já em plena noite, são salvos por um navio inglês o "Paris Star", que por felicidade dos aviadores, navegava, desviado algumas milhas da rota que julgava seguir.

in Revista da Armada, Maio de 2006


ROTA

Computed route from PRAIA INTERNATIONAL (GVNP, GV) to FERNANDO DE NORONHA (SBFN, SB): 9 fixes, 1279.4 nautical miles

GVNP
DCT POMAT DCT SAGMA DCT ASEBA DCT TASIL DCT ORARO DCT EPODE DCT INTOL DCT SBFN

Relato da 3ª etapa

Cidade da Praia, 7 de Julho de 2007 10:00 (zulu)

A etapa mais longa desta travessia (1280 milhas náuticas) que nos levará até ao Brasil, mais concretamente ao arquipélago de Fernando de Noronha, exige um planeamento com cuidados redobrados, devido à grande distância a percorrer sobre o oceano Atlântico. O tanque suplementar instalado no Mooney Bravo tem nesta etapa um papel central. Só desta forma é possível ter autonomia suficiente para chegar a Fernando de Noronha.

A meteorologia em Cabo Verde era favorável, com vento calmo e algumas núvens:

GVNP 071000Z /////KT 9999 SCT016 BKN100 25/21 Q1016 NOSIG

A partida matinal da ilha da Praia começou com um precalço, que até agora é o mais digno de registo desta viagem. Após colocar o motor em marcha às 10:36z e efectuar o percurso para a pista 03 do aeroporto da Praia, foi necessário abortar a descolagem devido a problemas de motor que impediram a aeronave de atingir a veleocidade necessária para se elevar nos céus. Após a verificação da origem do problema, que foi bastante simples de resolver, a aeronave alinhou novamente na pista 03 e descolou com alguns minutos de atraso, voltando pela direita em direcção a sul.





A viagem sobre o Atlântico decorreu sem problemas, bom tempo em rota com algumas (poucas) núvens e um com um ligeiro vento de cauda que permitiu uma velocidade de terreno próxima dos 180 nós.







Ao entrar em espaço aéreo Brasileiro fomos recebidos pelo controle oceânico do Atlântico que concedeu a necessária autorização oceânica para cruzar o espaço aéreo Brasileiro em regime de controle convencional.



A descida ocorreu sem problemas, à qual se seguiu uma aproximação de sul ao aerodromo de Fernando de Noronha.



O vento estava calmo e a temperatura de fim de tarde era amena:

SBFN 071800Z 15003KT 9999 SCT017 29/24 Q1013

Após entrar no circuito da pista 12 a aterragem decorreu sem sobressaltos e o motor foi desligado às 19:42Z, sendo que a duração desta etapa de calços a calços foi de 09:06, para percorrer as 1280 nm.



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